O Parque Rodrigo Barreto completou 35 anos de idade no dia
14 de novembro de 2014. O trabalho de
terraplanagem para a formação das ruas do que viria a se tornar o loteamento Parque
Rodrigo Barreto, começou no dia 14 de novembro de 1979. Logo a seguir começaram
a serem erguidas as primeiras moradias. Através de um Projeto de Lei aprovada
pela Câmara de Arujá, a data de aniversário do Barreto se tornou oficial. Com
mais de 25 mil habitantes, o Parque Rodrigo Barreto, além de ser o maior em
número de habitantes, é também considerado o maior bairro em território e que
apresenta maior infraestrutura de Arujá. Com 92 ruas e 6 avenidas, o Barreto
detém o segundo maior comércio da cidade (só perde para o centro de Arujá), e é
uma referência para o município. Todas as ruas do bairro são asfaltadas, boa
parte delas servida de rede coletora de esgoto. O Barreto tem várias linhas
intermunicipais de ônibus: Armênia (SP), Brás (SP), Guarulhos, Poá, Suzano,
Santa Isabel e várias linhas municipais, além do táxi-lotação que serve o centro
de Arujá. Várias escolas municipais e estaduais (algumas escolas estão situadas
no bairro Centro Residencial na divisa com o Barreto) absorvem o contingente de
estudantes. A seguir, entrevista com
alguns personagens do Parque Rodrigo Barreto.
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Joaquim:Ex-vereador, fundou a Associação Movimento do Barreto |
JOAQUIM DE MACEDO: Joaquim
do Barreto, ou Joaquim do PT, mora há 24 anos no Barreto. Ele foi vereador
pelo município de 2001 a 2004. “Quando eu mudei para o Barreto, tudo era
difícil, as ruas não tinham asfalto, o ônibus da Danúbio Azul só vinha até a
Avenida Armando Colângelo duas vezes por dia, os moradores para pegar ônibus
para São Paulo tinham que ir a pé até a rodoviária no centro de Arujá; em dias
de chuva era muita lama para vencer. Também não existia comércio no bairro.
Água encanada também não tinha e boa parte dos moradores não dispunha de
energia elétrica. Eu ajudei junto com a comunidade a construir a Paróquia
Nossa Senhora Aparecida no início dos anos 1990. Depois, em
1993 fundei a Associação Movimento de Moradores do Parque Rodrigo Barreto, que
ao longo dessas décadas obteve muitas vitórias para o bairro”.
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Isabel: liderança comunitária. Ao fundo o Barreto |
MARIA ISABEL DA
CONCEIÇÃO: Maria Isabel reside no Parque Rodrigo Barreto há 23 anos. “Meu
pai comprou um lote no Barreto em 1999, onde resido até hoje. As dificuldades
de morar no Barreto de 20 anos atrás eram muitas. Por exemplo, não tinha rede de
água da Sabesp. Apesar de ter poço na minha casa, a gente também pegava água em
uma mina d’água na Avenida D esquina com a Rua 86. Na minha rua já tinha
energia elétrica, mas muitas ruas do bairro a energia não havia chegado ainda.
Só existia uma Escola, a Strautmann (EE Pastor Carlos Richard Strautmann). Não
tinha comércio nenhum, nem padaria, e, Hospital em Arujá, só o Lions”. Isabel
disse o que falta hoje no Barreto: “Tratar todo esgoto coletado no Barreto,
precisa de mais segurança pública, os alunos das escolas públicas tem que ter
melhor assistência, e também tem que finalizar a ação de regularização
fundiária do Barreto”.
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Gato: Comerciante e líder comunitário antigo do Barreto |
ANTÔNIO UILSON FERREIRA é conhecido pelo apelido de
GATO.
Ele é presidente da AMDSHA (Associação de Movimento de Defesa Social e
Habitacional de Arujá). “Quando cheguei ao Barreto em 1982 não tinha água
encanada e nem luz. As ruas se resumiam a trilhas onde as pessoas andavam de
cavalo. Não tinha ônibus, tinha que ir a pé para a rodoviária. Os moradores
colocavam sacos plásticos nos sapatos em dias de chuva, era muita lama. Muitos
moradores lavavam os sapatos num riozinho que tinha atrás da rodoviária, para
poder pegar o ônibus para São Paulo”. Ele diz que hoje é prioridade mais
construções de creches. “Faltam vagas de creche no Barreto. Tem que trazer de
volta a Casa Lotérica que foi instalada aqui, e levaram para um supermercado no
centro de Arujá sem dar uma explicação para a população. Hoje o Barreto já era
para ter um banco”. Ele disse também que a UPA (Unidade de Pronto Atendimento)
que está sendo construída na Rua 30 tem que ser entregue na data certa, pois
vai ser muito importante para os moradores do Barreto.
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Dalva: Presidente da Associação União de Moradores |
DALVA (LINDALVA
SANTOS BEZERRA) é a presidente da Associação União de Moradores da Cidade
de Arujá e do Parque Rodrigo Barreto. “Eu me mudei em 1982 para o Parque
Rodrigo Barreto. Não tinha rede de água e nem luz. Não tinha ônibus para ir à
rodoviária, e os estudantes tinham que ir para as escolas do centro de Arujá,
pois no Barreto não tinha escola. Nos dias de chuva era muito barro. Quando a
gente ia para o centro de Arujá, eu e muitas mulheres deixávamos os sapatos
sujos de lama num saco plástico escondido numa mata que tem até hoje na Rua
Prestes Maia, e calçava um par limpo que carregávamos na bolsa. Às vezes a
gente voltava de noite, e, na escuridão, pegava até o calçado errado. Hoje nós
precisamos de uma agência dos Correios no Barreto, um Pronto Socorro 24 horas,
mais policiamento e vagas de creche”.
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Mano's: vereador e comerciante no Barreto |
ODAIR NERES (MANO’S):
“Mudei para o Parque Rodrigo Barreto em 1994. O abastecimento de água era
precário, era comum ficar de 3 a 4 dias sem água. Nessa época eu já estava
estabelecido na Avenida Armando Colângelo e como não tinha rede de esgoto (todas as casas tinham fossas), e, tinha morador, que quando as fossas enchiam,
deixavam os dejetos escorrerem pela calçada da avenida, era um cheiro horrível,
para quem tinha pizzaria e restaurante era prejuízo na certa. A iluminação
pública era bem precária também, e o policiamento quase não existia, era
difícil ver uma viatura da polícia (militar) no Barreto. O comércio no Barreto
era muito fraquinho naquela época, tinha que comprar tudo fora, hoje, ao
contrário, você encontra praticamente tudo no bairro, o comércio se fortaleceu.
O que falta hoje no bairro é uma agência bancária, uma agência dos Correios, e
incentivo aos esportes”.
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Bola: um dos mais antigos e conhecidos moradores do Barreto |
BOLA: Valdir
Aparecido de Souza é o Bola, proprietário da Banca de Jornal em frente ao
Ginásio do Parque Rodrigo Barreto. Figura muito conhecida, Bola veio para o
Barreto em 1982. “Quando mudei para o Parque Rodrigo Barreto não havia asfalto
em nenhuma rua, a não ser em um trecho da Avenida Armando Colângelo. Depois a
prefeitura começou a jogar pó de pedra nas ruas, quando fazia sol, levantava muita
poeira, as mulheres ficavam revoltadas, pois grudava nas roupas estendidas no
varal”. Bola disse que fizeram uma grande sacanagem, quando levaram a Casa
Lotérica do Barreto para um Supermercado no centro da cidade. “A concessão (da
Caixa Econômica Federal) da lotérica é do Barreto e não do Supermercado”. Ele
disse que o melhor prefeito de Arujá foi o Abel Larini. Hoje o Barreto precisa de mais
segurança/policiamento. Disse ainda que não concorda com a mudança do nome do
bairro para Pirituba. “Aqui sempre será o Parque Rodrigo Barreto”. Por fim,
falou que já passou da hora de resolver o problema com a Continental e
regularizar de forma definitiva o Parque Rodrigo Barreto.
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Arapa: morador antigo do Barreto, sempre lutou pela cultura |
ARAPA é o Reginaldo
Honório. Ele é presidente do IMA (Instituto Multicultural de Ação e
Cidadania). Arapa reside há 27 anos no Parque Rodrigo Barreto. “No Barreto daquela época (final dos anos
1980) a maioria das ruas não tinha asfalto, o transporte público era precário.
Quando chovia os poucos ônibus que tinham não vinham para o bairro. Escola
pública, só tinha o Strautmann (EE Pastor Carlos Richard Strautmann), 1ª escola
do Barreto. Tinha um cinema no centro, e o Beto Alegri fazia uns espetáculos,
algumas encenações no centro de Arujá, o pessoal gostava muito. Naquela época o
carnaval no Barreto e no centro de Arujá era mais animado, hoje está em
decadência. Hoje falta investimento nas pessoas que produz Cultura e Lazer no
Parque Rodrigo Barreto”. Arapa disse ainda que falta segurança no Barreto.