Parte dos moradores que perderão suas moradias. "A prefeitura sabia que as casas estavam sendo construídas" |
Através de
uma ação judicial movida pela prefeitura de Arujá, 42 famílias terão que deixar
suas casas no Parque Rodrigo Barreto. A Juíza de Arujá Patrícia Padilha
Assumpção, através de um mandado de reintegração de posse, determinou que as
famílias tem cinco dias (a partir do dia 9 de fevereiro, dia do recebimento da
intimação) para deixarem o local. São
cerca de 200 pessoas (estimativa dos próprios moradores) que desde o ano de
2010 vem construindo casas no final da Rua Arnaldo Afonso de Lima (antiga Rua
3) e na Rua Adelino Pereira da Silva
(antiga Rua 4). A juíza, em seu despacho, afirma que o terreno em questão é uma
“área pública e foi invadida” e que também “é área de APP” (Área de Proteção
Permanente). A juíza diz ainda que os moradores estão "debaixo da rede de alta
tensão", e que as construções começaram “há um ano", além de as casas terem sido
construídas em "barrancos, lindeiro a um rio e próximo da rede elétrica” (rede
de alta tensão). Os moradores contestam a decisão da juíza e afirmam que
ninguém está debaixo da rede elétrica, que as construções começaram em 2010, e
que no local não existe rio e sim esgoto a céu aberto, proveniente das casas
do Parque Rodrigo Barreto. Pelo menos três famílias (mais antigas) informaram que
a pessoa que vendeu os lotes (elas não falam o nome do vendedor), falou que
eles poderiam construir normalmente, que depois a Imobiliária Continental faria
um acordo para pagamento dos lotes.
Famílias afirmam
que prefeitura sabia das construções
Moradias da Rua Arnaldo Afonso de Lima (Clique e amplie a foto) |
Todos os
moradores são unânimes em afirmar que a prefeitura sabia que no local estava sendo construídas moradias. E fazem a seguinte pergunta: “Então porque deixaram
construir?”. Uma das famílias exibiu para a reportagem o carnê de IPTU da
prefeitura. Ao contrário da Elektro, que instalou postes no local e fez ligação de energia
elétrica, a Sabesp teria se negado a fazer as ligações
de água para os moradores. Muitos que construíram são de Arujá. Outras famílias vieram “de fora”, por exemplo, de
Guarulhos, Itaquaquecetuba e de SP. Alguns alegam que compraram o lote e
pagaram até 6 mil reais, outros dizem que invadiram mesmo. Todos alegam que estavam
fugindo do aluguel. Os moradores que compareceram na sessão da Câmara
do dia nove de fevereiro, gostaram de ver que a maioria dos vereadores é contra
a reintegração de posse, entretanto, afirmaram que falar na Câmara é uma
coisa, e ajudar efetivamente as famílias é outra coisa. Os moradores relataram
que são eleitores de Arujá, e que na última eleição
municipal, o próprio Abel (prefeito Abel Larini) em reunião na Rua Arnaldo Afonso
de Lima, teria dito que os moradores poderiam ficar tranquilos, que ninguém seria
despejado.
Vereadores
criticam postura da prefeitura
Construção avançam sentido rede de alta tensão |
No dia nove
de fevereiro, os moradores que receberam a ordem de reintegração de posse foram
até a sessão da Câmara de Arujá, cobrar uma posição dos vereadores. O vereador
Paraíba Car (PSDC) disse da Tribuna da Câmara, que a prefeitura em conluio com
a Imobiliária Continental está massacrando as famílias do Parque Rodrigo
Barreto. Ele falou também que a advogada da prefeitura seria a mesma advogada
de algumas famílias que vão ser despejadas. Paraíba falou ainda que a
Imobiliária Continental tentou, através de uma ação judicial tirar os moradores
do local, sem sucesso, e, com a decisão da juíza em reintegrar a área, a Continental
seria a maior beneficiada. O vereador Renato Caroba (PT), disse que agora a
prefeitura alega que não quer tirar os moradores do local. E questiona? "Não foi
a prefeitura que entrou com a ação contra as famílias?". Renato foi mais longe. "Contra os pobres, a prefeitura é rígida, contra a Imobiliária Continental que
deve milhões de reais em impostos, nada acontece, como não acontece nada com
outros devedores de impostos do município, caso de alguns figurões políticos que inclusive tem cargos de comissão com altos salários na
prefeitura". “Porque a prefeitura não executa judicialmente essas pessoas?”.
Rogério da Padaria (PT) disse que agora vem se falar em audiência pública? "Agora que saiu a decisão da justiça favorável a reintegração de posse?". A maioria dos vereadores criticou a postura da prefeitura, mas um
solução efetiva para resolver os problemas dessas famílias parece que ainda está
longe de acontecer.
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