Moradores do Jardim Pinheiro se reuniram para reclamar do desabastecimento de água no bairro |
Os moradores do Jardim Pinheiro e do Mirante (Arujá) estão revoltados com
a falta de água. Eles dizem que o
bairro, por ser alto, sempre sofreu com o desabastecimento, todavia, alegam que
a partir de dezembro de 2014 a situação piorou, está dramática, pois “tem ruas
que já chegou a ficar uma semana sem água”. A indignação maior, segundo os
moradores, é com relação à postura da Sabesp. “A gente liga para a Sabesp, eles
dizem que o abastecimento está normal, inclusive, eles alegam que não receberam
nenhuma reclamação sobre falta de água no bairro, portanto, a Sabesp trata os munícipes
como se fossem mentirosos”, disse Francisco da Silva, 58 anos, residente a 22
anos do Jardim Pinheiro. Francisco disse que a Sabesp deveria informar o dia ou
os dias que faltaria água no bairro, assim as famílias poderiam se programar.
“Isso quando eles não dão desculpa de que o sistema está em manutenção, ou que
a bomba está quebrada”, relatou uma moradora. A dona de casa Lurdes Gama
informou que é normal a água chegar de madrugada,
e muitas vezes a água cai de uma a duas horas, insuficiente às vezes até para
encher as caixas d’água dos moradores. Outro morador falou que não consegue
mais trabalhar. “Sou pedreiro, e como não tem água, as pessoas não podem construir
nem reformar os imóveis, eu dependo do meu trabalho para viver, mas sem água
fico desempregado”. Residente há 31 anos do Jardim Pinheiro, Hildebrando, diz
que sofre em dobro com a falta de água: “A falta de água leva sofrimento para
todo mundo, mas no meu caso, meu pai que tem 93 anos, e, está acamado, fica sem
banho, por conta da falta de água. Eu que dou banho nele, mas sem água fica
difícil”.
Falta de água muda rotina da população
A esquerda Lurdes Gama: "É normal faltar água de 3 a 4 dias no Jardim Pinheiro" |
As donas de casa são as que mais sofrem com a falta de água,
pois a limpeza do lar fica bastante comprometido. “Infelizmente, existem casos
de os moradores do Jardim Pinheiro ficarem três dias sem tomar banho. Isso é
uma humilhação”, relatou uma dona de casa.
Lurdes Gama, que reside na Rua das Perdizes, disse que as famílias compram
água para consumo e para fazer comida, e que eles também recolhem água da chuva
para limpar a casa e jogar água no vaso sanitário. Ela contou que nos dias mais
prolongados de seca nas torneiras, as roupas sujas ficam encostadas, e a louça
fica acumulada na pia a espera da água. “A situação está bastante difícil”. As
famílias dizem que são obrigados a pagar duas vezes pela água, uma é através da
conta da Sabesp e a outra é quando elas adquirem nos comércios, para cozinhar e
consumir. “Além disso, pagamos pelo ar que gira o hidrômetro da Sabesp toda vez
que falta água, se a população ficou três dias sem água, o justo seria o
consumidor deixar de pagar três dias de água”, disse um aposentado. Morador
antigo do Mirante, o gesseiro José da Silva, 58 anos, disse que está virando
rotina faltar água de três a quatro dias no bairro. “Antigamente isso não
ocorria, a população sabe que hoje São Paulo passa por uma seca, mas se
faltasse água dia sim, dia não, seria razoável, o que não pode é ficar quatro
dias com as torneiras secas”. Morador do
Mirante, o assessor sindical Valdelino Silva, conhecido por Lampião, relatou
que as famílias do bairro já ficaram até três dias sem água. “Estamos tomando
banho de canequinha. A Sabesp diz que só envia caminhão pipa depois de 24 horas
sem água, acontece que a população do Mirante tem amargado três consecutivos
sem água”. Lampião disse também que saiu do Mirante e foi buscar água em um
sítio em Arujá distante 11 quilômetros. “Essa é a nossa situação”, lamenta.
Resposta da Sabesp e da prefeitura
Moradores se viram e fazem estoques de água. Muitas famílias recolhem água da chuva para lavar a casa e jogar no vaso sanitário |
O jornal Gazeta de Notícias entrou em contato com a Sabesp e
a Prefeitura de Arujá. A Sabesp Leste (sediada na zona leste de SP) informou
que não existe rodízio de água em nenhum bairro de Arujá. A Sabesp informou
também que “ocasionalmente podem ocorrer intermitências no abastecimento”, ou
seja, pode ocorrer interrupção momentânea (do abastecimento de água). A prefeitura de Arujá, através da assessoria
de imprensa, disse que tem conhecimento da falta de água no Mirante e Jardim
Pinheiro. Disse também que “a Prefeitura tem conhecimento de remanejamento no
serviço de abastecimento que afeta diversos municípios paulistas e reforça os
pedidos de consumo consciente neste momento de crise hídrica.
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