Escola Catavento está sendo investigada pela Políci Civil de Arujá |
Uma funcionária da Escola Catavento, declarou que trabalhava em uma sala aos fundos da escola, por isso não presenciava as agressões. “Sempre ouvia gritos, crianças chorando, mas quando comecei a presenciar as agressões, decidi denunciar. Tive esse sentimento porque essa não foi a forma com que fui criada. Me doía muito ver essas crianças sofrendo”, disse a funcionária.
A funcionária, através de uma advogada, entregou aos pais de uma das crianças –
que supostamente sofreu maus-tratos –, um vídeo e áudio, onde os fatos poderiam
ser comprovados. No áudio, a mãe
consegue identificar a voz da diretora. A denunciante diz que os pais tinham
acesso a imagens de câmeras de monitoramento, mas que as cenas ocorreram na
recepção e no refeitório, onde não havia os equipamentos.
De acordo
com o delegado titular de Arujá, Sidney Muniz dos Santos, o boletim de
ocorrência foi registrado no dia 20 de agosto e um inquérito foi instaurado.
Segundo a polícia, pais e funcionárias já foram ouvidos, mas as proprietárias
da escola ainda não prestaram depoimento.
Em outro caso de maus-tratos – segundo relato dos pais – uma criança foi obrigada a
ficar em uma sala sozinha com os braços para cima, segurando uma argola por um
longo período. Em outro vídeo mostra uma criança segurando em pé uma caixa de
papelão e com parte do corpo dentro do artefato, sem comer e sem beber, ficando
por horas na recepção. Os castigos teriam sido adotados pela diretora da
escola, “até a raiva passar”.
Outra
diretora da unidade escolar, também admitiu que aplicava esse tipo de castigo.
Além disso, os pais tiveram conhecimento de que as crianças eram obrigadas a
comer alimentos de que não gostavam – beterraba, por exemplo – e as crianças
acabavam vomitando.
Como forma de castigo, a diretora obrigava a criança a ficar com os braços levantados segurando uma argola plástica. “O dia
inteiro, a criança ficava daquela maneira, e conforme a criança ia abaixando o
braço, ela segurava e falava tá doendo? Tá doendo? Vai doer mais porque você
vai ficar assim o dia inteiro, ela falava. Se você contar, no outro dia vai ser
pior”, relatou a funcionária que fez a denúncia.
Uma das mães
declarou que nos últimos meses, que seu filho chorava para não ir para a
escola. O filho dessa mãe é que aparece com uma caixa de papelão enfiado na
cabeça, como forma de castigo. A mãe disse que terá que abandonar o emprego,
pois o a criança não que ir mais para escola nenhuma. “Meu filho terá que
passar por tratamento psicológico, a culpa é dessa escola, quero indenização
por todo o sofrimento que eles causaram ao meu filho”.
Outra mãe chegou a usar
a palavra terrorismo para descrever o que ocorria dentro da escola. “As
crianças eram ameaçadas diariamente, era puro terrorismo”. Seu filho aparece no video sendo obrigado a comer alimentos de que não gostava e acabava vomitando.
Através de contato telefônico, uma das diretoras, responsáveis pela unidade educacional, falou brevemente sobre as acusações. Ela disse que não existem elementos materiais que prove as acusações. A mulher relatou ainda que na escola ninguém tem conhecimento do suposto vídeo, e que o advogado da unidade escolar está acompanhando o caso.
A advogada da denunciante, afirma que outras funcionárias - que não podem ter seus nomes divulgados - descreveram a mesma situação. “As funcionárias estão no programa de proteção à testemunha. Não posso dizer quantas são para não atrapalhar a investigação”. Advogada afirma ter sido procurada pelas funcionárias e, depois de ver os vídeos, localizou os pais de crianças que aparecem nas imagens.
Em
entrevista as emissoras de TV, o advogado da escola, Alexandre De Thomazo,
afirma que ainda não teve acesso aos vídeos. “Estamos aguardando o decorrer dos
acontecimentos para poder fazer o trabalho que for necessário para esclarecer
da melhor maneira possível o ocorrido. O que nós temos até o momento são
rumores e especulações. Não temos certeza de nada do que foi, em que momento
foi e quem foi. Vamos aguardar para poder tomar algum posicionamento”, disse.
“Existe um abalo emocional entre todos, principalmente entre as donas da
escola, que jamais esperavam isso, jamais quiseram que ocorresse qualquer tipo
de coisa no interior da escola ou participaram de alguma coisa. Todos foram
pegos de surpresa.”
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